No post passado ( quem nem revisão de ortografia eu fiz de tão p da vida que eu tava) eu falava da minha insatisfação profissional... Recebi alguns e-mails, de estudantes e profissionais.Bom, eu sigo dizendo que minha ciência, a ciência contábil é apaixonante. Mero engano aquele que acha que o profissional contabilista (contabilista é a classe que engloba o técnico em contabilidade com formação secundária e o contador , aquele que possui nível superior. Geralmente costumam chamar sempre de contador. Mas contador é aquele com bacharelado em ciências contábeis e devidamente inscrito no CRC de seu Estado. Os cursos técnicos já não existem mais) é aquele sujeito gordo, careca , barrigudo e de óculos que fica sentado atrás de uma mesa calculando impostos e só. Mero engano aqueles que pensam que nós vivemos às custas da burocracia, já que para se abrir uma empresa e mantê-la você necessita do respectivo profissional.
Por outro lado, devo admitir que 80% dos profissionais ligados à nossa área, fazem questão de exercer a função de meros despachantes ( com todo respeito aos despachantes). Vejo muito pouco profissional da nossa área interessado em estudar e praticar verdadeiramente a proposta da qual a contabilidade se destina. É verdade que vem vindo aí uma turma com “gás novo”, que tem compreendido que só iremos ter uma classe valorizada quando estivermos fortes e nos fizermos valorizados. Mas um dos grandes problemas é que vejo muito discurso bom, cuja prática, percebe-se que a teoria é bem outra.
Eu me formei em 1998. De toda grade de professores que tive 5 eram bons, o restante era pra fazer de conta, mas nem isso sabiam fazer.De toda forma, os 05 bons professores já falavam que o profissional da área contábil deveria ser aquele que iria atuar como gestor, consultor... Muito linda a idéia. Mas a grande verdade é que no mercado as empresas não estão nem aí pro consultor contador. Atenção!!!!! Eu disse pro consultor contador, isso porque, elas preferem contratar engenheiros , argumentando que têm raciocínio lógico...Aí, eles fazem uma pós em contabilidade, administração ou gestão financeira e deu. Os contadores que ocupam cargos de gestão já estão trabalhando nessa área, em média ou grandes empresas, e que por isso resolvem fazer o curso de contabilidade. É claro que há profissionais recém formados que são absorvidos pelo mercado. Mas se comparado ao número de profissionais, não acho que seja de tamanho significativo. Tomara que eu esteja enganado. 90% da turma que se formou comigo não atuam na área. Dos 10% restantes, 02 viraram professores, outros ocuparam cargos em escritórios e os outros corajosos como eu resolveram ter seu próprio escritório. Eu até tentei entrar na área de perícia, mas é uma puxação de tapete que dói. A questão é que podem falar que o cara tem que estudar pra ser consultor e blá, blá, blá... Mas se você quer isso mesmo acho muito difícil sem antes passar por toda rotina de um escritório de contabilidade desde constituição das empresas, até fechamento de folha, impostos , escrita fiscal e contábil e etc. E esse tipo de serviço oferecido já ta cheio o mercado. Aí, o cidadão que resolver casar , juntar ou sei lá, arruma uma família pra sustentar... O cara do lado cobra X de honorários.Mas ele ta começando agora e precisa comprar a geladeira que a mulher pediu e o salão de beleza de toda sexta feira. Sendo assim, ele passa a cobrar X/2, com pretexto de fazer clientes...Isso, além de ser totalmente antiético, só contribui cada vez mais para desvalorização da nossa classe. Até porque um sujeito que se vale a isso, mal sabe o que é Contabilidade quem dirá as responsabilidades que tem sobre uma empresa. Nossa classe é tão desvalorizada que nas novelas quando lembram da possibilidade de ter um profissional contador ele é sempre o pobre, aquele que mora em um apartamento mais ou menos e faz do próprio apartamento local de trabalho. Os personagens ricos são sempre: médicos, arquitetos, advogados.Aliás, quando você diz que é médico, advogado , arquiteto, engenheiro, você tem status social. Mas quando se diz contador ... Vixe, o cara te olha de lado, porque contador tem fama de enrolado pra baixo.Enfim, pra contribuir, melhor, pra não contribuir acho muito fraco o desempenho dos CFC e dos conselhos estaduais. Eu vejo a OAB atuando firme em prol de seus profissionais, mas muito pouco o meu conselho a nosso favor. Esses dias eu li uma discussão em um grupo de contabilistas sobre o fato de a OAB ter conseguido junto à Receita Federal uma sala para atendimento aos advogados, enquanto nós, contabilistas, passamos horas e mais horas a espera de atendimento na Receita Federal ou qualquer outro órgão público. Fiquei sabendo também que o advogado assim que chega é atendido. Isso porque no código de ética reza entre outras coisas que é direito do advogado andar livremente em todos os órgãos públicos e ser atendido... Lei 8.906/1994 Art. 7º - São direitos do advogado:VI - ingressar livremente:
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
Ora, andar livremente por órgãos públicos todos podem e devem. Está escrito que devem ter atendimento prioritário???? Claro que não!!! Me desculpem caros amigos advogados mas isso é uma interpretação equivocada e exagerada. Em momento algum está escrito que o advogado deve e tem que ter prioridade de atendimento. Mas algum “ espertalhão” deve ter dado o grito e como colou e se colou foi bom, alguém acha que iriam contrariar a OAB? Ora, se o pretexto do atendimento prioritário é porque se tem audiência, saibam que todos que ali estão também têm muito o que fazer, a prestar contas, atendendo inúmeras notificações da Receita Federal bem como da sua procuradoria, tudo com tempo corrido e estimado. Portanto, acho uma falta de respeito com todos que ali estão atender de forma prioritária qualquer advogado, até porque como já mencionei, o que há é um exagero da interpretação do texto acima citado. E nós, contabilistas, que prestamos papel de agentes fiscalizadores do governo que a cada dia só empurra mais obrigações e multas goela abaixo, não somos valorizados nem respeitados.Esse é o meu ponto de vista.
Qualquer um outro que não me conheça poderia falar que sou um contador com “dor de cotovelo” porque o sou ao invés de ter sido advogado. A esses posso assegurar que tenho conhecimento jurídico muito acima de vários advogados já conhecidos no mercado. Portanto, competência e inteligência nunca me faltaram para tal. Só acho que o tratamento deveria ser igual. Mas é claro que nenhum advogado tem culpa pelo meu Conselho não agir como a OAB, tão pouco pelo descaso dos Governos e da sociedade, quiçá de meus “amigos de profissão “ que cobram sei lá o quê, para fazerem sei lá como, dizendo que o que fazem é contabilidade.
Essa á uma dura e triste constação. Hoje me liga um cliente... Me questionava o valor de R$415,00 a título de honorários que cobro dele. Pelo tom da conversa ficou nítico que queria algo do tipo R$100,00 e ta bom demais. Na hora eu disse
- Fulano, você tem empregada doméstica, não?
– Sim, tenho!
- Muito bem! Quanto você paga a ela?
- Um salário.
- Ah, R$415,00, não?
-Sim, isso.
- Então me ouça : se pra sua empregada doméstica você paga R$415,00 , ainda tem encargo social pra recolher, vale transporte pra conceder, férias, 1/3 féria,s 13 salário, você acha que um profissional como eu, que investi grana em um curso superior, sou seu consultor , responsável civilmente e criminalmente por sua empresa no que me compete, com responsabilidade nas áreas : fiscal, trabalhista e societária, que posso falir sua empresa e te deixar passando fome, inclusive sem grana pra pagar o luxo de ter uma empregada doméstica e sem andar nesse carro que só o seguro custa R$15.000,00 , devo valer menos que ela?
- ...
Eu concluí a conversa o deixando bem à vontade pra escolher outro profissional. Não vou me prostituir a esse ponto.Se TODOS agissem assim...Digo isso em qualquer área. Mas isso acontece porque nossa classe se vende dessa forma e eu penso que quem cobra qualquer coisa, oferece qualquer coisa e olhe lá.Aliás, cobrar R$415,00 ( hoje um salário) é muito pouco pelo que fazemos, mas muito pouco mesmo.Mas aqui onde moro, é um tal de cobrar um salário mínimo que se você cobrar muito fora disso, fica de fora mesmo. É claro, há empresas que há que se cobrar bem mais. Mas no geral, fica mesmo nesse valor.
Por essas e por outras que ando bem desanimado, desestimulado.O discurso aí fora continua lindo, mas na prática a teoria vem sendo outra. Espero que essa turma nova possa desfazer esse conceito ainda enraizado. Minha geração tinha a semente, poucos a plantaram. No fim, você só vai saber vivenciando... E eu espero de verdade que a sua conclusão seja diferente da minha, bem diferente.
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