Hoje me deu vontade de escrever sobre um monte de coisas.O problema é que esse monte de coisas tem a ver com um monte de pessoas, e, a cada dia, eu só confirmo o que desde sempre eu sei: quanto menos gente eu conheço e convivo, melhor. Quisera eu conviver em um mundo de harmonia, mas a utopia se aplica bem nesse caso.
Conheci pela internet faz uns 03 anos creio eu, um senhor que prega espiritualidade, amor ao próximo, amor incondicional. Bacana isso, não? Pensei “ poxa, em um mundo envolto a tantas desgraças, ainda encontramos pessoas que semeiam amor” Não hesitei em lhe enviar um email. Rapidamente criamos afinidade que por outras circunstância transformou-se em amizade. Comungamos, ou melhor, comungávamos idéias parecidas,ideais de vida e nos sentíamos muito felizes no convívio familiar.Passávamos natal e ano novo juntos, fora almoços, lanches, jantares, passeios e etc.Continuava a pensar: “ amizades ainda existem; pessoas das quais podemos contar também”.
Enfim, eu não sei quantos segredos cada um que passa por aqui tem, nem tão pouco a história de vida de cada um.Mas, eu tenho uma história de vida que não é e não foi das mais fáceis. Porém, ela SÓ DIZ RESPEITO A MIM!!!Eu não tenho a obrigação de falar do que vivi com ninguém ainda mais quando o passado te remonta a tanta dor. Por quê tenho que falar de minha vida? É condição para se ser amigo?Tenho em minha consciência a certeza de minha índole e em meu coração a generosidade que me é possivel.E isso , a mim basta.Por isso posso afirmar que sou a mesma pessoa de sempre . Meu futuro não me tornou diferente de quem fui, de quem sou, apenas vivo com mais dignidade, isso sim é uma grande diferença.
As pessoas do passado nada sabem ao meu respeito; apenas julgam saber.Mas a ignorância como todos sabemos está ligada a falta de conhecimento, a conceitos e preconceitos.
Como a vida apronta das suas, por acaso descobri que alguém que me “conhecera” no passado era irmão desse senhor, a quem julguei ter por mim amizade, respeito e consideração. Era época festiva, Natal aproximava-se. Para não passar demais constrangimentos, me dirigi a sua casa, sem nem saber se ainda residia no mesmo local e lhe contei um pouco sobre mim, e lhe pedi que nada falasse a meu respeito ao que ele concordou me alegando que a minha vida era algo que dizia respeito somente a mim.Bom, pelo menos naquele momento ele foi lógico, apesar de não ter sido sincero para comigo.
Passado um tempo, mais de 1 ano , ele resolve contar ao irmão o que julgava saber sobre mim...E, este senhor que até então nos acolhia em seu lar sentiu-se por mim traído... Sentiu-se traído porque eu não lhe contei sobre minha vida pretérita.Ora, o que passei é algo íntimo, pessoal e ponto. Cabe a mim falar dele ou não.Eu até pensei em lhe contar, mas no que isso mudaria nossa amizade? E por que contar se é algo que me carrega tanta angústia?O que isso muda quem eu sou? Eu não matei ninguém, não feri ninguém. A dor que passei era só minha das tantas agressões que a vida , através de tanta gente ignorante me ofertou.
Bom, o pedido que eu havia feito e a promessa entendida que a minha vida de fato era minha e cabia a mim sobre ela foi desfeito.Para o irmão, soou como alívio à “consciência”, em detrimento da minha dor.Falar da vida passada de alguém é fofoca, está longe de alívio imediato.Mas, nessa vida, o que vale são os laços sanguíneos. Ainda vemos no outro diferença, longe de sermos encarados como semelhantes.Essa regra também me encaixo nela porque percebo a cada dia que vivo em um mundo de diferenças mesmo, e só temos a consideração das pessoas até a primeira vírgula.Da noite para o dia acabou "toda" consideração, amizade e etc.Por algo que não lhe diz respeito nem nunca lhe dirá.Tudo visto em mim vai para o lixo, perdeu o valor.Alguém por aqui vale-se de amizade como essa?
Amizade que nunca existiu, consideração da boca pra fora. Isso foi o que concluímos. Uma pessoa que busca tanto se espiritualizar, que aconselha tanto, sucumbe ao Ego, e sente-se traído. Na verdade há a estampa do preconceito , e aí, fica menos feio criar uma outra vertente como “sentir-se traído” para te descartar.
Mas sempre tiro as lições da vida:
O que as pessoas pregam, nem sempre correspondem à realidade de suas atitudes.A teoria é sempre linda, a prática...
Amizade e consideração verdadeiras estão muito acima de jantares, passeios, presentes , aparências e etc.
Continuo cada vez mais certo de que a nossa vida , naquilo que nos pertence no mais íntimo é só nosso, e ninguém tem o direito de reivindicar pra si.
Devemos continuar amando as pessoas, até mesmo aqueles que nos traem sob o argumento de que foram traídos, porque precisamos de uma urgente reforma íntima pra merecer um mundo com pessoas melhores do que as que aqui estão.Se aqui estou, e tenho que me deparar com tantas injustiças, é porque sou farinha do mesmo saco.É difícil, mas preciso tornar minha vida maior que tantas pessoas, situações egos tocado e bobagens.
Por fim, me lembro de uma cena do filme de nosso amado amigo Chico Xavier, quando repórteres , quando da Revista Cruzeiro, editaram matéria no sentido de denegrir a imagem de Chico , tentando lhe atribuir uma queda moral, acusando-o de charlatão, no qual ele , evidentemente chateado, foi advertido pelo Emmanuel: “Ah Chico, você foi apenas para revista Cruzeiro. Cristo foi para a Cruz”. Como sempre e com toda razão Emmanuel. Se Cristo mais do que perfeito ( não há palavras humanas para descrevê-lo no sentido da perfeição) pagou por tanta ignorância, quanta pretensão a minha não?
E a vida segue.
E sobrou para a onça...
