Franco por Franco: janeiro 2015

Aqui vai um resumo, porque corro o risco de não terminar de escrever a peregrinação!!!

Fora do contexto religioso, nós visitamos o museu do holocausto, que aliás, é mantido pelo governo da Alemanha ( uma pequena forma de reconhecer a tragédia passada e um pedido de perdão. Aliás, Israel recebeu 02 submarinos de presente da Alemanha entre casas que pertenciam a alemães em Israel. Como Israel vive entre vizinhos inimigos, nunca se sabe por onde andam ou melhor, navegam esses submarinos, são 04 no total e de alto poder de destruição). Penso que esse mistério de por onde andam tais submarinos, deve fazer parte da estratégia de Israel no sentido de : se nos atacarem, temos como acabar com vocês também. É triste. Mas é assim.

Bom, passeando pelo museu, ( fora sua origem e história) é bem bonito. Você vai passeando pelo museu e encontra ali muitas roupas, sapatos, instrumentos musicais entre outros pertences de milhares de judeus que foram exterminados pelos nazistas. Percebe algumas cartas que foram escritas... Estão lá, expostas, apesar do tempo e de toda dor. Algumas chegaram aos seus destinatários... Outras, não. Há muitos vídeos que foram produzidos pelos próprios nazistas, pois, acreditavam que venceriam em seus intentos e passariam como heróis para história! Muitos desses vídeos são tão chocantes que eu não conseguia me fixar a depender das cenas. Uma cena que me marcou muito, foi a de uma menina de aproximadamente 10 anos de idade, sentada na calçada ao lado de um menino ( talvez seu irmão) de aproximadamente uns 08 anos de idade, onde este já dava seus últimos suspiros de vida e aquela menina, chorando e em desespero, tentava acordá-lo ou trazê-lo à vida novamente. Enquanto isso, algum soldado filmava a cena, ria e zombava... Esse vídeo apreendido está no museu. Pensei: " meu Deus, como o homem é capaz de tanta maldade"... E hoje a gente não mudou quase nada! Não tive coragem de assistir a mais nada. Em toda parte que você caminha, há esses vídeos que passam sem cessar. Pedi no meu íntimo que aquela visitação terminasse logo. Realmente não me fez bem.

Vistamos também a maquete de Jerusalém, no museu de Israel, em Jerusalém. Incrível! A maquete fica exposta ao ar livre e é perfeita. Você tem a visão geral da cidade de Jerusalém tal como era.

Finalmente adentramos no local onde ficava a pequena cidade de Jerusalém – que hoje é um park. Lá visitamos o tanque de Betesda, onde Jesus realizou a cura de um cego e um paralítico. Como sabido, Jerusalém foi destruída e construída por duas vezes. Atacada e sitiada muitas vezes. As pedras que rolaram da Jerusalém da época de Cristo, quando encontradas pelos arqueólogos, foi mantida do mesmo jeito. E quando Jerusalém foi tomada pela segunda vez, os romanos não permitiram mais que se fizessem cultos no templo. O máximo que eles permitiram é que se fizessem as preces no muro lateral da cidade, limite de onde os judeus poderiam chegar e que ficou conhecido posteriormente como muro das lamentações.

A muralha da cidade tem atualmente oito portões: portão Jaffa ( que dá acesso ao bazar árabe), Portão Sião ( construído no monte de mesmo nome), entre outros.Jerusalém tem cerca de 4mil anos de história, e com poucos período de exceção, sempre teve uma muralha.Na época de Jesus, abriam-se os portões pela manhã, as pessoas iam trabalhar nos campos, mas ao anoitecer todos entravam e os portões eram fechados por motivo de segurança.Nos conta o guia local que somente nos últimos 200 anos é que a cidade se expandiu para fora das muralhas. Gente, perto de tudo que aconteceu, isso se deu ontem!

A cidade de Jerusalém da época de Jesus ficava próxima, muito próxima ao Monte das Oliveiras, separadas apenas por um grande vale. Assim, o local onde Jesus realizou a última ceia com seus discípulos para depois caminhar até o monte das Oliveiras, penso que não chega a 2 km ( na visão do que pude perceber). Assim que foi preso, ou melhor, assim que se permitiu ser preso, fez praticamente o mesmo caminho até a Casa de Caifás. Nesse local, vimos um calabouço... Talvez Jesus tenha passado sua noite ali. Logo ao lado, a cidade, as muralhas de Jerusalém. De onde foi julgado e fez a via-crucis, não deve ter percorrido 800 metros ( na minha contagem). Aqui, quando eu digo “ não deve ter percorrido” não estou em nada diminuindo o sofrimento de Jesus. O relato apenas para que se saiba que tudo aconteceu muito perto um local do outro. A ceia, o monte, a prisão e seu retorno dentro da cidade (que era cercada por muralhas e o é até hoje, só que reconstruída) ficava tudo muito perto como já dito.

Vistamos o cenáculo, no Monte Sião, local da última ceia. A tradição aponta também esse local como aquele onde Jesus apareceu aos discípulos, quando já ressuscitado.

O local onde teve início a via-crucis do Mestre Jesus, deveria ficar cerca de uns 05 metros abaixo de onde estávamos. Devido ao tempo e a destruição, a cidade atual acabou nascendo por cima das ruínas, pois que não havia na época carros em condições de remover todas as pedras, frutos da destruição. É mais fácil aterrar e reconstruir sobre.

Enquanto Jesus era humilhado, condenado e recebia sua cruz, ali ao lado, no templo, as pessoas levavam seus cordeiros para serem sacrificados... Quanta ignorância. E como continuamos ignorantes. Enfim, talvez, por isso, naquele momento, o discípulo João tenha dito: “ Eis o cordeiro de Deus. Aquele que tira o pecado do mundo”.

Dali, seguimos os passos de Jesus... E em determinados locais das via-crucis, por onde quase que exatamente Jesus passou até sua crucificação e sepultamento. Detalhe: o local de crucificação e sepultamento estão preservados per uma construção de alvenaria, uma espécie de cúpula. E a gente consegue adentrar no local onde ele foi crucificado. Há uma pedra onde apontam como a pedra onde ele foi posto e seu corpo limpo... Todos podem tocá-la.

Descrever a sensação? Não tem como. Só cada um sabe sentir ou não. Pra mim foi e ainda é tudo muito emocionante.

Findo a via-crucis, tivemos à tarde livre para compras.

Definitivamente, Jerusalém não é local para compras porque é tudo MUITO caro. Ao lado do principal centro de compras , há um shopping meio que a céu aberto. As coisas por lá também são MUITO caras. No principal centro de compras, mercado árabe, onde você encontra muitos artigos de cidade Santa, se um dia você visitar, NUNCA compre pelo primeiro preço. Eu comprei, por exemplo, um objeto que me anunciaram por U$200,00 (duzentos dólares) e eu paguei U$20,00 (vinte dólares).

Tá certo que eu sou um cara meio pão duro e peço desconto até em almoço do shopping; mas se você se deixar levar pelo primeiro preço vai tomar prejuízo. O guia local já havia advertido a gente pra isso. Só não sabia que eles roubavam tanto. Muita coisa é da China. Mas também tem coisa boa. Pra se comunicar com eles, até que eles falam bem português. Dá pra se virar. Mas é importante falar inglês. Com aquela comida toda temperada, minha mãe passou bem mal. Havia um médico gastroenterologista que viajou conosco, também em peregrinação. Ele receitou que eu comprasse supositório. Saí do hotel, à noite, sozinho, pra comprar o raio do supositório. Imagina você, se não souber inglês, como vai se virar pra comprar um medicamento, ainda mais um supositório?... Não iria dar pra comprar na base da mímica, né? Minha esposa, embora seja advogada, fala muito bem inglês. Já deu aulas de inglês. Tenho uma boa professora. Mas na hora tive que me virar sozinho. Quando você viaja para o exterior é que percebe a importância de se saber o inglês. Na volta para o hotel, o taxista quis me passar a perna (porque resolvi ficar no shopping e voltar mais tarde, sem ser no ônibus do grupo). Se não sabe inglês, se dana. Pelo menos o básico tem que saber.Outra dica: troque no máximo U$50,00 dólares em moeda local ( caso você necessite comprar algo em mercado, farmácia onde não se aceita dólar)

Quando você entra na loja eles logo perguntam de onde você é. Quando sabe que é brasileiro, jogam o preço lá em cima, porque sabem que a gente tem a fama de chorar preço, de ser mão de vaca, como eles nos chama lá. Bom, você pergunta quanto é e eles dão o preço. Daí, você faz de conta que não se interessou e eles baixam o preço... Você caminha em direção à porta e já baixa mais um pouco... E se você sair da loja eles te buscam na rua e aí você chora mais um pouco, entendeu? Se ele não quiser baixar o preço, procure em outra loja.

Com o fim das compras, hora de voltar para o hotel, arrumar as malas, tomar um bom banho.

Logo pela manhã o ônibus que nos conduziria de até o aeroporto já nos esperava. Nem bem a gente havia saído de Jerusalém e a saudade já batia forte.

Ao descer pelas estradas, rumo ao aeroporto, fui tomado por certa melancolia. Há mais de 2.000 anos, duas pessoas também fizeram exatamente este caminho, “descendo”, melancólicas - creio eu - rumo a um vilarejo no pé das montanhas de Jerusalém. Uma terceira pessoa juntou-se aos dois homens e perguntou por que estavam tristes... Explicaram que o Mestre havia sido crucificado e tudo, aparentemente, havia terminado. Mas o terceiro homem ceou com eles. E quando repartiu o pão, foi reconhecido como Jesus ressuscitado. O evangelista Lucas conta então que aqueles dois homens recuperaram imediatamente o ânimo e contaram o que lhes acontecera no caminho ( 24:35) a todos.

Terminei minha viagem assim: com vontade de contar a todos o que vi e senti.

Claro que vimos muito mais coisas. Muitos locais. Mas aqui não cabe tudo.

Por fim, há pessoas que passam pela Terra Santa e fazem tão somente um passeio... Outras voltam renovadas, transformadas. Pra uns é questão de fé. Pra outros não sei o que é.

E ali, com meus pensamentos solitários, a caminho do aeroporto, embora com o coração apertado, sorri feliz por sentir a alegria de te ver, Jerusalém. Querida Jerusalém, cidade tão amada por Jesus, pude sentir a força que emana sobre vós e de vós também. Parafraseando Jó, eu lhe digo: meus ouvidos ouviram falar de ti, mas agora meus próprios olhos te viram.

E irão vê-la outras vezes, esteja certa disso!