...de
cada dia.
Não
sei exatamente se tragédia, em todo seu sentido literal, existe
desde os primórdios da civilização. Talvez a própria criação
desse universo tenha sido uma tragédia nos moldes como se deu e em
todos os seus desdobramentos. Fato é que, ao nosso tempo , tragédia
, infelizmente, incorporou-se ao cotidiano de quase toda civilização
humana.
Me
recordo de Aristóteles, quando sustentava o pensamento de que a
tragédia, quando vista pelo homem, quer seja real, quer seja por
meio de encenação, criava no espectador sentimentos, como, por
exemplo, o de piedade e, com isso, levaria o homem a um estado de
catarse. A tragédia era, pois,educativa. Que me perdoe o gênio da filosofia, mas, pelo menos nesses
tempos que tempos vivido, a tragédia tem criado no homem outros
sentimentos que o levam não à catarse de Aristóteles, mas ao
estado de impotência, desespero, medo, ansiedade, fobia, descrença,
revolta e etc.
A
questão da violência, do narco tráfico, da corrupção, da falta
de educação, dos hospitais mortos e etc, vem desde o nascimento
desse país para o velho mundo. Até hoje, no Brasil, só esteve no
poder gente bandida,sem caráter, sem escrúpulo algum. O processo se
deteriorou bem mais com o advento da redemocratização.
Vejo
o povo dividido, defendendo políticos corruptos que são
perdulários em causa própria. De Sarney ao atual governo, todos são
bandidos, chefes de quadrilhas que apenas se revezaram no poder. Por
isso, esse país sofre da forma como todos vemos e sentimos. Nosso
povo é pacífico, omisso e às vezes até conivente com tudo isso
que vemos. Nossas entranhas carregam o DNA da maldita corrupção, o
famoso jeitinho brasileiro, mas queremos a mudança que não existe
dentro de nós.
O
Brasil , de fato, será eternamente o país do futuro que nunca
chega.
Por
isso que muitos estão buscando novas fronteiras, em busca de
segurança, qualidade de vida. É triste deixar um país tão lindo,
mas igualmente triste perceber todas essas coisas e saber que , ao
depender da coletividade, muito pouco podemos.É que vivemos esperando que
outros façam por nós a quota que nos cabe na mudança que queremos.
Não
sei se ao meu tempo ainda verei o meu país reinar como merece. Até
lá, busco refúgio em terras distantes, e aos que julgam com o
chavão de “não passam de covardes” , devo informar: não é
covardia. É puro instinto de sobrevivência.